sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Londrina segue bem na série D


Havia mais de 10 anos que o povo londrinense não mantinha tanta sintonia positiva com o Tubarão. A vitória contra o São José-RS, pela rodada inicial do mata-mata na Série D, reverteu a situação e ajudou a esquecer o rebaixamento no Campeonato Paranaense, os escândalos constantes de corrupção e a chacota que haviam feito com que o povo se afastasse do Londrina Esporte Clube. Chegava o momento de perfumar a cidade com o cheiro de naftalina das bandeiras alvicelestes, até então escondidas no fundo do guarda roupa de muitos torcedores.
Nomes de jogadores até então desconhecidos na cidade, como Silvinho, Japinha, Victor, entre outros, já passam a ser lembrados pelos moradores. Vencer por 3 x 1, em um jogo com bolas na trave, gol de carrinho e mais de 6 mil torcedores eufóricos de azul e branco nas arquibancadas, pode ser considerado um ato heróico. Afinal, os jogadores e comissão técnica ainda estão com boa parte dos salários atrasados.
O presidente Peter Silva não explica onde está o dinheiro das receitas do clube. Se não tem, todo mundo quer saber quanto entra e onde está sendo gasto. Após o jogo contra o Zequinha, fala-se que o diretor de futebol, Adriano Coelho, teve que correr às pressas buscar a renda do jogo, para que a grana não caísse “em mãos erradas”. O bom público presente garantiu cerca de R$50 mil para o pagamento de algumas das despesas pendentes no Londrina.
Jogadores não são bobos e estão muito putos. Sabem que enquanto comem o pão que o diabo amassou, tendo que trocar de hotel de tempos em tempos por falta de pagamento, Peter Silva costuma desfilar no granfino Iate Clube de Londrina. Por lá, mesmo com os rumores de que a autoridade máxima do LEC esteja desempregada, as pomposas companhias, mesas regadas de aperitivos e a camisa do Corinthians Paulista não deixam de acompanhar a presidência.
Enquanto isso, para viajar ao Rio Grande do Sul, no jogo de volta, uma televisão de 40 polegadas está sendo rifada pelo diretor de futebol do LEC. A intenção é fretar um ônibus e poder pagar um lanche aos atletas que, apesar das condições absurdas impostas pela gestão Peter Silva, estão se esforçando muito para vencer a Série D.
Os torcedores prometem seguir a condução dos atletas até o território dos pampas, onde juntam-se com o pessoal do Londrina Futebol Clube (equipe amadora de Porto Alegre que surgiu em 73, por homenagem ao Tubarão do norte paranaense), calibram a mente, esticam as pernas e rumam para o campo do Zéquinha. A zona norte da capital gaúcha será local de alento dos londrinenses.
Essas próprias barreiras e atos simbólicos estão sendo o principal combustível de superação dos jogadores alvicelestes. Eles sabem que os torcedores não tem culpa das palhaçadas. Sabem que enquanto Peter reclama do abandono da cidade, as rifas da TV - custa R$100 o número - estão sendo vendidas aos montes pelas ruas londrinenses. Diante das condições, o grupo liderado pelo treinador Gilberto Pereira pode até não conseguir o acesso à Série C, mas, por tudo o que está fazendo, já merece eterna gratidão do povo local. Vão deixar saudades. O mesmo não vale para o presidente Peter Silva, que terá que abandonar o posto em novembro e deve negociar boa parte dos atletas antes do fim de seu mandato.

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